A Pateira

A Pateira

Historicamente, a Pateira deve ser considerada como um antigo braço marinho onde desaguavam, independentemente uns dos outros, os rios Cértima, Águeda e Vouga, antes da constituição da Ria de Aveiro. Aquele braço que os aluviões dos três rios fecharam originou um só curso de água – o rio Vouga – passando a foz a situar-se muito mais a noroeste, como actualmente (Almeida, 2006).

O Território

A maior lagoa natural da Península Ibérica ocupa actualmente uma área de superfície e profundidade variáveis, de acordo com a estação do ano, que, no seu expoente máximo, atinge mais de 5 Km2. Estes, estendem-se, maioritariamente, pelo concelho de Águeda, abrangendo também o concelho de Aveiro e Oliveira do Bairro.

O termo “Pateira” encerra a especificidade da região do Vouga e afluentes designando, por si só, abundância de patos.

Em termos hidrográficos, a lagoa está compreendida na bacia hidrográfica do rio Cértima a qual, por sua vez, se insere na bacia hidrográfica do rio Águeda e esta, na bacia do rio Vouga.

A lagoa é alimentada pelo rio Cértima (a montante), pela ribeira do Pano (a poente), pontualmente por outras escorrências, e por água subterrânea (sistema aquífero Cretácico de Aveiro), sendo o rio Cértima o principal curso a condicionar a hidrologia.

Águeda – Oliveira do Bairro – Aveiro

No que diz respeito ao relevo, a zona envolvente da Pateira apresenta um relevo suave, a oeste, registando-se uma zona com altitude superior a 50 metros em Fermentelos (concelho de Águeda).

A este, na zona de Espinhel, ocorre uma elevação que atinge os 78 metros, revelando declives com relativo significado dadas as características da área envolvente. A noroeste, sensivelmente entre a Oliveirinha e Requeixo (concelho de Aveiro) destaca-se uma faixa com altitude entre os 50 e os 70 metros, com declive suave em direcção à Pateira.

A sudoeste, as áreas de cultivo, na margem esquerda do rio Cértima e de Perrães ladeiam a Pateira com relevos suaves de cotas mínimas.

Biodiversidade Faunística

Biodiversidade Faunística

No que diz respeito à diversidade faunística, a Pateira e zonas envolventes destacam-se, particularmente, pela importante componente ornitológica. Nestas áreas ocorrem espécies com estatutos de protecção a nível nacional e internacional — classificadas pela Directiva Aves (Directiva 79/409/CEE), Convenção de Bona, Convenção de Berna.

Surgem espécies de importância comunitária, como:
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Biodiversidade Florística

Biodiversidade Florística

Na zona húmida, que engloba as águas livres e a vegetação alagada das margens e linhas, dominam habitats com povoamentos de Caniço (Phragmites communis), juntamente com a Tabúa (Typha sp.) e o Bunho (Scirpus lacustris). Ocorrem ainda comunidades (ou mosaicos de comunidades) de plantas vasculares com macrófitas flutuantes, enraizadas ou suspensas entre o fundo e a superfície: a Erva-pinheirinha (Myriophyllum sp.), os Nenúfares (Nymphaea sp., Nuphar luteo ) ou mesmo o Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes).

Em algumas zonas marginais ao longo da Pateira, verifica-se a ocorrência de diversas espécies arbóreas e arbustivas como:

Salgueiros (Salix alba, Salix sp.), Choupos (Populus canescens, Populus nigra, Populus sp.), Amieiros (Alnus glutinosa), Amieiro-negro (Frangula alnus), Freixos (Fraxinus angustifolia), Pilriteiros (Crataegus monogyna), Sabugueiros (Sambucus nigra), Borrazeiras (Salix atrocinerea ), pontualmente Carvalhos (Quercus robur), Loureiros (Laurus nobilis ), Ulmeiros (Ulmus sp.) …

Entre as espécies alóctones encontra-se o Eucalyptus globulus (predominante no coberto florestal das áreas adjacentes à lagoa), e outras árvores dos géneros Acacia e Hakea , estas com comportamento infestante e que se encontram disseminadas pelas imediações da lagoa.
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